O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é um dos investigados que votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters) |
Vinte dos 22 deputados federais investigados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por suposto envolvimento em esquemas de corrupção revelados pela Operação Lava Jato votaram neste domingo (17) na sessão que determinou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Desses, 16 votaram a favor da continuidade do processo, que agora segue ao Senado. Entre eles, está o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em suas justificativas, a maioria citou que votava pela abertura do processo porque deseja que a corrupção seja combatida e extinta no Brasil.
Além de Cunha, foram a favor do prosseguimento do processo de impeachment os seguintes deputados, quase todos do PP: José Otavio Germano (PP-RS), Renato Molling (PP-RS), Luiz Fernando Faria (PP-MG), Afonso Hamm (PP-RS), Jerônimo Goergen (PP-RS), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Dilceu Sperafico (PP-PR), Nelson Meurer (PP-PR), Roberto Balestra (PP-GO), Lázaro Botelho (PP-TO), Simão Sessim (PP-RJ), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Eduardo da Fonte (PP-PE), Missionário José Olimpio (DEM-SP) e Arthur Lira (PP-AL).
Dos 22 deputados federais investigados, apenas quatro votaram contra o processo de impeachment de Dilma: Vander Loubet (PT-MS), José Mentor (PT-SP), Waldir Maranhão (PP-MA) e Roberto Britto (PP-BA). Finalmente, dois citados em inquéritos em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) não votaram neste domingo: Aníbal Gomes (PMDB-CE), que operou a coluna e está em licença médica, e Sandes Júnior (PP-GO).
Outro lado
Todos os deputados investigados pela Lava Jato que votaram na sessão deste domingo se dizem inocentes com relação aos crimes que lhe são imputados pelas investigações dos órgãos federais. Muitos se dizem "indignados" e "surpresos" por terem tido seus nomes citados por delatores em depoimentos à Polícia Federal. Veja abaixo o que já disseram os parlamentares em suas defesas.
Afonso Hamm: "Coloquei todos os meus sigilos à disposição da Justiça e espero que o processo seja arquivado."
Aguinaldo Ribeiro: Afirmou que nada tem a temer: "Irei aguardar o momento oportuno para me pronunciar. Não tenho nada a temer e acima de tudo defendo a investigação de todas as denúncias."
Arthur Lira: Disse que que é inocente e que não sabe o motivo de ter sido citado por delatores da Lava Jato. "Para mim é uma surpresa. Não tenho nada a ver com isso."
Dilceu Sperafico: afirmou que ficou surpreso ao ver o seu nome na lista dos políticos que serão investigados. "Nunca tive nenhum contato com Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. Nunca conversei e os conheço apenas pela televisão. Eu também nunca tive contato com nenhuma empreiteira porque não é o meu ramo. No Congresso Nacional eu trato do agronegócio brasileiro."
Eduardo Cunha: O presidente da Câmara afirmou que não recebeu valores e nem teve participação no esquema investigado na Lava Jato.
Eduardo da Fonte: "Estou à disposição da Justiça para colaborar no que for possível para esclarecer logo todos os fatos."
Jerônimo Pizzolotto Goergen: Disse que recebeu "com tristeza e indignação" a informação de que está sendo investigado pela Lava Jato, e que irá provar sua inocência na Justiça.
Luiz Fernando Faria: Em nota, o deputado contestou "veementemente" as "insinuações" de que teria participado do esquema investigado na Lava Jato. Afirmou "nunca ter recebido valores ilícitos de quem quer que seja e que sempre pautou sua longa e imaculada vida pública por princípios e limites éticos e somente irá se manifestar, após conhecimento dos pretensos fatos alegados."
Luiz Carlos Heinze: "Vou me defender. Quem não deve não teme e estou tranquilo em relação a isso. Não conheço Paulo Roberto Costa, [Alberto] Youssef, nenhum desses aí. Vai ser esclarecido."
Renato Molling: Afirmou ser possível que seu nome tenha sido utilizado indevidamente pelo PP, mas não soube apontar quem. ""Não vendo o meu voto e defendo o que é melhor para o país", disse.
Dilceu Sperafico: Negou ter mantido contato com as empresas investigadas na Lava jato e disse que os recursos suspeitos foram direcionados à sua campanha pela direção nacional do partido.
Vander Loubet: Se declarou inocente e garantiu não ter relação com os fatos investigados na Operação Lava Jato. O parlamentar afirmou também estar à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos.
Roberto Balestra: Disse ter ficado "muito surpreso e indignado" e lamentou "profundamente a citação de seu nome na lista de beneficiados por propinas. Ele afirmou ainda que está "absolutamente tranquilo" e que não há nada que possa "denegrir sua imagem".
Lázaro Botelho: Disse que ficou "surpreso" com a citação de seu nome na investigação, mas que "está absolutamente tranquilo". Afirmou ainda "ter a certeza de que será provado que ele não tem nenhum envolvimento" com os fatos apurados pela investigação.
José Olímpio: disse que foi "surpreendido com muita indignação" por seu nome estar no rol dos investigados na Lava Jato. Ele disse ainda que buscará ter acesso ao teor do inquérito para provar sua inocência. "Sempre pautei minha vida pública no princípio da legalidade e transparência. Não temo a nenhuma investigação".
Simão Sessim: Afirmou estar surpreso com a notícia desde o primeiro momento em que ela veio a público: "Constituirei um advogado para acompanhar o processo, com a consciência tranquila, de um homem público que ao longo dos seus mais de 40 anos de vida pública, nunca teve o seu nome envolvido com irregularidades de qualquer tipo".
Empreiteiras da Lava Jato
Um total de 62 deputados que receberam doações diretas de empresas investigadas na Lava Jato participaram na sessão deste domingo. Desses, 46 votou a favor do impeachment, 14 contra e dois preferiram a abstenção.
Fonte: UOL
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