Orós. O Açude Orós vai prolongar e assegurar o
abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Em setembro começou a
operação de liberação de água com maior volume para o Rio Jaguaribe até o
Castanhão e daí para a Capital. Nos próximos dias deverá ser ampliada a vazão
de 10 para 16m3/s. O Castanhão acumula atualmente 6% e o Orós 19,8%.
No ano passado, mediante a possibilidade que se concretizou de
mais um ano de chuvas abaixo da média, o governador Camilo Santana declarou que
o Orós era uma reserva estratégica, que poderia ser usada no futuro. Agora é
presente. No passado, em 1993, o então governador Ciro Gomes construiu, em
tempo recorde, o Canal do Trabalhador que captou água do Orós no Rio Jaguaribe
para salvar a população de Fortaleza de um iminente colapso de água.
Treze
anos depois, o Ceará enfrenta o mais prolongado ciclo de seca desde 1910,
segundo estudos do meteorologista David Ferran, da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). As chuvas no Estado desde 2012
estão abaixo da média. Os reservatórios vêm secando e estão em um ponto
crítico. "A situação é gravíssima", disse, nesta semana, em Iguatu,
durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, Gianni
Lima, assessor da presidência da Cogerh.
A
decisão de liberar água do Orós em maior quantidade foi definida em uma reunião
ampla de alocação dos vales do Banabuiú, Jaguaribe e Metropolitana, realizada
em julho, em Limoeiro do Norte. "Já era uma decisão de governo",
questiona Paulo Landim, integrante do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe.
"Essa é a terceira vez Orós libera água para a RMF sem que o governo dê
uma compensação para os produtores (agricultores, piscicultores)",
acrescentou.
O
temor de Landim e dos produtores rurais é que, em fevereiro, o volume do Orós
caia para 9%, segundo estimativa da Cogerh, inviabilizando a produção de
tilápia e outras atividades. "A água ficará imprópria para o consumo
humano, sem falar nos prejuízos que os produtores vão enfrentar", disse.
Ao
mesmo tempo em que libera água para o Castanhão, por meio de válvula e de dois
dutos, o Orós atende a localidade de Nova Floresta (Jaguaribe) e a cidade de
Solonópole, por meio do Açude Pedra Branca. Para a localidade de Feiticeiro
(Jaguaribe) a transferência foi suspensa porque o açude local atende a demanda
até 2018.
A
liberação de água do Orós para o Castanhão já deveria ter sido ampliada de 10
m3/s para 16 m3/s, mas problemas operacionais impedem o aumento do volume. Os
técnicos trabalham no conserto de bombas e de engrenagens do sistema adutor.
Está
em operação a transferência de água do Orós para o Lima Campos, por galeria e
túnel, na localidade de Guassussê, que atende a demanda de distritos, da cidade
de Icó e de centenas de caminhões-pipa que abastecem cidades da Paraíba.
O
assessor da presidência da Cogerh, Gianni Lima, observou que a água do Orós já
chega ao Castanhão e vem mantendo o nível do reservatório, que permanece
liberando água para a RMF. "No início há mais dificuldades porque o leito
do rio seco retém água", explicou. A Cogerh tenta fiscalizar trechos para
impedir que irrigantes façam barramentos e retirada de água.
Em
julho, houve manifestação, em Orós contra o esvaziamento do reservatório para
atender a RMF. "Só se olha o Orós da válvula para baixo, não se vê as
necessidades, o prejuízo que produtores e moradores vão enfrentar",
lamentou Landim. Por sua vez, Gianni Lima disse que o reservatório não será
esvaziado. "Ficará uma quantidade mínima para atender o abastecimento da
cidade". (H.B.)
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