Mastologista
diz que existem mamógrafos subutilizados, alguns por falta de pacientes; ao todo, em 2016, 2.160 mulheres do Ceará devem descobrir a doença |
A partir de hoje, o Ceará, assim como o restante do
País, dá início às mobilizações do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o
câncer de mama, desde a prevenção até o tratamento. No Estado, a campanha se
faz mais necessária a cada edição, uma vez que a incidência e a mortalidade em
virtude da neoplasia aumentam ano a ano. Segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca), em 2016, 2.160 mulheres cearenses devem descobrir que possuem a
doença. Para interromper a curva crescente de casos, o maior desafio está na dificuldade
em obter o diagnóstico precoce, pelo medo que muitas pessoas ainda têm do exame
de detecção.
Ércio Ferreira, mastologista do Instituto do Câncer
do Ceará (ICC) e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional
Ceará, afirma que, hoje, o câncer de mama ainda está cercado por uma série de
tabus que precisam ser superados. "Para se ter ideia, existem hospitais
com equipamentos de mamografia que estão sendo subutilizados, alguns deles por
falta de pacientes", afirma o médico.
Ele acrescenta que não tem havido solicitação do
médico da linha de frente, e as mulheres têm medo do exame. "Porque acham
que dói, porque não querem encontrar algo errado, porque acreditam que, se não
estão sentindo nada, não devem fazer. São fatores educacionais que precisam ser
mudados para que as mulheres entendam que câncer de mama não é sentença de
morte", acrescenta o médico.
Segundo o mastologista, o diagnóstico tardio é o
motivo pelo qual o câncer de mama tem feito mais vítimas no Estado do Ceará ao
longo dos anos. Dados recentes da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) mostram
que, entre 2009 e 2015, a taxa de mortalidade por conta da doença passou de 9,8
para 14,3 para cada 100.000 mulheres. Ferreira explica que muitas cearenses
procuram os médicos apenas quando sentem sinais mais evidentes do problema,
como nódulos e alterações na mama. No entanto, ele diz que sintomas do tipo já
indicam estágios mais avançados.
Descoberta
"É algo que a mamografia poderia ter detectado
10 anos antes", diz. Segundo Ferreira, se a doença for descoberta de forma
precoce, as chances de cura chegam a 95%. Por isso, ele ressalta a importância
do exame anual. "A Sociedade de Mastologia recomenda que todas as
mulheres, a partir dos 40 anos, façam mamografia anual. Aquelas que tiveram casos
em primeiro grau na família, como na irmã ou na mãe, devem iniciar a
investigação 10 anos antes, aos 30", acrescenta o médico.
Para ele, a campanha Outubro Rosa é essencial para
alertar a sociedade a respeito dos diversos riscos do câncer de mama. "É preciso
conscientizar tanto as mulheres quanto os homens, para que eles incentivem suas
parceiras a se prevenirem", afirma o especialista.
Fonte Diário do Nordeste
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