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    segunda-feira, 16 de novembro de 2015

    Chuvas ficarão abaixo da média no Semiárido do Nordeste


    Na maioria dos anos em que há atuação do El Niño , o período de precipitações no Ceará é
    irregular e tende a ficar abaixo da média
    (Foto: Alex Pimentel/Diário do Nordeste)
    Os modelos atmosféricos atuais apontam que o trimestre (novembro em curso, dezembro próximo e janeiro de 2016), no Semiárido do Nordeste, terá chuvas abaixo da média. Essa é a maior probabilidade. A previsão é do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O quadro é desfavorável por influência do fenômeno El Niño. A primeira previsão climática para a quadra chuvosa (fevereiro a maio) de 2016 somente será divulgada pela Funceme na segunda quinzena de janeiro.

    "A pré-estação chuvosa no Ceará ocorre em dezembro e janeiro, com precipitações influenciadas por formação de vórtices ciclônicos", explica o meteorologista da Funceme, Leandro Valente. Para o Sul do Nordeste, áreas da Bahia, Piauí e Maranhão no mês de novembro geralmente ocorrem as primeiras chuvas de pré-estação no decorrer deste mês. "Terminada a primeira quinzena de novembro, ainda não estamos observando essas dinâmicas atmosféricas", disse Valente. "É preciso ressaltar que as previsões de pré-estação têm por base modelos com grau de confiança baixo".

    Os meteorologistas da Funceme lembram que ainda é cedo para previsões sobre a próxima quadra chuvosa, entretanto os indicadores atuais apontam para uma tendência maior de chuvas abaixo da média por causa da intensidade do fenômeno El Niño. "Isso é uma grande preocupação para todos nós", frisou Valente. "O El Niño não é o único fator determinante, mas interfere para não formação de nuvens de chuva". Haverá chuvas em 2016? Sim, mas os meteorologistas observam: não basta apenas chover, é preciso que as precipitações ocorram no lugar certo, de forma intensa e em curtos espaços de tempo para que ocorra recarga dos açudes.
    "O solo está seco, vai sugar as primeiras águas e a distribuição espacial e temporal é fundamental para formação de reservas hídricas no Ceará". Para a pré-estação no Semiárido nordestino, o Cptec fez previsão distribuída em três categorias: há probabilidade de 25% das precipitações ficarem acima da média, 35% dentro da média e 40% abaixo do normal para o trimestre - novembro e dezembro de 2015 e janeiro de 2016.

    Dezembro e janeiro são meses que antecedem a quadra chuvosa no Ceará. É o período de observações e experiências populares acerca do período chuvoso que se aproxima. Para os cientistas, é o início das primeiras previsões climáticas e o anúncio de primeiro prognóstico para 2016. O quadro, infelizmente, não é favorável.

    A presença do El Niño vem se intensificando nos últimos meses e, atualmente, excede em 3º graus centígrados os valores médios históricos na área mais central do Pacífico Equatorial. "A evolução desse aquecimento continuará no trimestre até o fenômeno atingir sua máxima intensidade", observa boletim do Ceptec.

    O quadro é de preocupação, afinal já são quatro anos seguidos de chuvas abaixo da média e perda seguida das reservas hídricas desde 2012. A Funceme já divulgou relatório sobre os dados desfavoráveis para a quadra chuvosa vindoura, embora sejam estudos preliminares e as condições climáticas podem ser modificadas. O governo está em situação de alerta mediante um cenário que pode tornar-se catastrófico: perda das reservas hídricas, que estão se exaurindo, nos açudes, levando o colapso a um maior número de cidades do Interior do Ceará.

    A probabilidade atual é de 95% do El Niño permanecer ativo nos meses de março, abril e maio de 2016, período em que ocorre a quadra chuvosa no Estado. É uma taxa muito elevada. "Esse índice é do El Niño e está presente", esclareceu recentemente o meteorologista da Funceme, David Ferran.

    Na maioria dos anos em que há atuação do El Niño, o período de maiores precipitações no Ceará é irregular e tende a não atingir a categoria em torno da média climatológica. Ou seja, é seca. As reservas hídricas restantes estão se exaurindo. A média dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) é de apenas 13,8%.

    Otimismo

    A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Natália Feitosa, demonstra fé e acredita que a situação será diferente das previsões iniciais. "Deus não vai nos abandonar e creio que no próximo ano teremos boas chuvas".

    No campo, contudo, o cenário é de aflição. O acesso à água potável é cada vez mais difícil. As cisternas de placas secaram, e os poços estão com o lençol freático cada vez mais escasso. O meteorologista Raul Fritz observa que é necessário ocorrer chuvas intensas e seguidas em curto espaço de tempo para ocorrer recargas nos açudes em decorrência da geografia do sertão cearense. As chuvas no total podem ser acima da média, mas, se forem espaçadas e de reduzida pluviometria, não favorecem à recarga dos reservatórios.

    Fonte: Diário do Nordeste
     

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