Eunício Oliveira, do PMDB de Temer, diz que pretende usar de sua influência para pautar, num eventual governo, temas de interesse do Nordeste ( FOTO: Bruno Gomes ) |
Às vésperas da
votação que, no plenário do Senado Federal, decidirá sobre a abertura do
processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, motivando seu
afastamento da Presidência da República por até 180 dias, dois dos três
senadores do Ceará - José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) - se dividem
sobre as expectativas do que um eventual governo comandado pelo vice-presidente
Michel Temer pode representar para a região Nordeste. Entre a esperança de
avanços e o temor por retrocessos, o destino da petista continua a ser traçado
na próxima quarta-feira (11), quando ocorre a votação.
Membro
do mesmo partido do vice de Dilma, o peemedebista Eunício Oliveira não declarou
qual será seu voto no plenário da Casa, apesar de já tê-lo definido, mas afirma
que "dificilmente a presidente não será afastada". Ele avalia com
pessimismo as implicações da atual crise política no Nordeste e acredita que o
resultado da votação no plenário pode dar novo fôlego à região.
"O
País vive uma crise dramática do ponto de vista da economia, do ponto de vista
político e, obviamente, passando pela crise ética. Isso é extremamente
relevante e criou muitas dificuldades para o País, principalmente para uma
região mais pobre, como é o Nordeste. O que se espera é que, se acontecer a
votação na quarta-feira pelo afastamento da presidente, e tudo se encaminha
para isso, cria-se uma nova expectativa em torno da economia e, por
consequência, da geração de emprego", argumenta.
Crise
Para
ele, o atual momento político e econômico do País é "aterrador" para
o Nordeste, que tende a ser mais afetado pela crise do que outras regiões.
"Se você tem uma região mais pobre e, ao invés de se ter impulso de
crescimento, tem um decréscimo, obviamente os Estados mais pobres, como o
Ceará, sofrem muito mais as consequências do que Estados mais ricos do
País", diz.
Questionado,
então, sobre o que o Nordeste perde ou ganha com a possível mudança de governo,
o senador peemedebista afirma que espera que Michel Temer, de quem é
"amigo de longa data", conforme destaca, crie uma expectativa
positiva não só para o Nordeste, mas para todo o País. "Que essa taxa
absurda de inflação caia, que a perda desesperada e diária de empregos seja
estancada e que a Economia, criando-se um novo alento, uma nova expectativa,
possa vir a reagir", enumera.
Eunício
afirma, ainda, que tem uma relação pessoal "muito próxima" com Michel
Temer e que vai aproveitar isso para levar ao vice, caso ele assuma a
Presidência, demandas mais urgentes para o Nordeste e para o Ceará. "Todas
as segundas-feiras a gente tem o hábito de se reunir à noite, isso é uma
rotina. Obviamente, os interesses do Ceará vão estar acima das disputas
políticas, e eu utilizarei algum tipo de prestígio que possa ter e a relação de
intimidade que tenho com ele para fazer as cobranças necessárias para a região
e para o nosso Ceará", aponta.
Ministério
Sobre
a informação divulgada pela coluna Radar Online, da Revista Veja, na última
sexta-feira (6), de que Eunício Oliveira é cotado para indicar o ministro da
Integração Nacional em uma gestão Temer, sendo o vice-prefeito de Fortaleza,
Gaudêncio Lucena, um possível nome, o senador diz que "por enquanto isso
tudo é especulação", mas admite que será ouvido por Temer. "E ao meu
lado estará também o senador Tasso Jereissati, porque o PSDB já fez uma aliança
conosco aqui no Ceará. Essa aliança só se fortalece do ponto de vista pessoal,
então estaremos ombreados na defesa dos interesses do Ceará", alegou.
O
trabalho da comissão especial no Senado, para o líder do PMDB no Ceará, foi
"correto". Após a aprovação do parecer de Antonio Anastasia
(PSDB-MG), na última sexta-feira (6), ele acredita que, "pelo
sentimento" que tem da bancada do partido e do plenário, dificilmente
Dilma não será afastada.
Eunício
Oliveira diz que "num regime democrático, você afastar um presidente
eleito não é fácil", tampouco "tarefa gloriosa", mas opina que,
após a derrota do Palácio do Planalto na votação do impeachment na Câmara
Federal, "ficou patenteado que ela não tinha condições de
governabilidade", considera.
Procurado
pelo Diário do Nordeste, o senador petista José Pimentel substituiu a
entrevista por uma nota afirmando que se Dilma Rousseff for afastada
temporariamente, dar-se-á o afastamento de um "projeto de Nação em que o
Brasil todo foi beneficiado, especialmente o Nordeste, por meio de uma divisão
mais equilibrada de recursos".
Vingança
Para
o senador José Pimentel, na comissão especial de análise do impeachment, da
qual era titular, a maioria dos senadores "deu mais um passo para derrubar
uma presidenta honesta, eleita democraticamente. Sem crime de responsabilidade
comprovado e por meio de um processo eivado de vingança, aprovaram a
admissibilidade do processo de impedimento na comissão", disse, referindo-se
ao fato de que o pedido de afastamento foi aceito pelo presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como "desvio de poder no exercício de suas
funções".
Já
o senador Tasso Jereissati (PSDB) afirmou, por meio de sua assessoria de
imprensa, que prefere não comentar assuntos relacionados ao processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff até a votação no plenário do Senado
Federal. Na última sexta-feira (6), o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que
o cearense foi convidado pelo vice-presidente Michel Temer para, num eventual
novo governo, assumir o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC). A assessoria do líder tucano, porém, não confirma a informação
e diz que, oficialmente, Tasso não recebeu nenhum convite.
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